13 abril 2006

O Tribuno! O Tributo?

A OA disponibiliza acções de formação aos seus Estagiários. É como um negócio familiar: o Regulamento inventou esta necessidade, e a Instituição garante o seu cumprimento. Estas acções consistem, geralmente, numa sessão com uma duração variável, que pode ir de duas horas até uma tarde ou uma semana. Um Advogado, ou um painel (é bonito chamar-lhes um painel!), discorre sobre um assunto. Apresenta os seus pontos de vista, partilha a sua experiência.

- Mamã! Dás-me 60€?
- É para a droga? Tira da carteira.
- É para uma conferência na OA.
- Outra vez, viciado?! Quando é que vais trabalhar a sério?

Custa aos pais entender que não é nenhum vício. Não é por gosto que o estagiário se entrega a estas actividades. É que os Senhores Doutores Advogados dão créditos. Como no circo dão um torrão de açúcar ao cavalinho, por ele ter feito uma pirueta em duas patas. E por usar aquelas penas maricas entre as orelhas.

Se não tenho os créditos que os Senhores Doutores Advogados entenderam (só eles sabem porquê, nem deus saberá), até posso ter 20 valores no exame escrito: vou fazer exame oral. Perante mais um painel de Advogados. Na faculdade, ter 12 valores dispensava-me de oral. E nem precisava ter créditos. Tinha crédito naquela casa.

- Se o discípulo tem uma nota de 12 valores, é porque sabe a matéria. Pode seguir o seu percurso.

Mas na OA não é assim. Há regras próprias. É outro mundo.
Obrigar o Estagiário à assistência de acções de formação tem o mesmo sentido que obrigá-lo a assistir a dez actos processuais, ou obrigá-lo a ter dez intervenções: nenhum. Acresce ainda, na parvoíce, o pagamento devido. Há algumas acções gratuitas, é verdade. Mas parece que o sistema só aceita inscrições para acções gratuitas quando o Estagiário já frequentou outras acções pagas. Dá-se uma borla ao jovem Estagiário que não tem salário mas tem compromissos. É marketing. Nem seria preciso. Não é possível ao Estagiário abastecer-se noutro mercado.

Depois de dois anos desta falta de respeito, se conseguir reunir todos os requisitos que a OA impõe, e sabe-se lá que mais vão ainda inventar, a advocacia perdeu algum do encanto que tinha. E eu que até queria ser Advogado. Como antigamente, como nos filmes, como nos livros.

O Tribuno
No calor da refrega entusiasma-se e a velha adrenalina escorre sem controlo.
Atira a as palavras, torrentes caudalosas de palavras, ganha força no argumento inteligente, na imparável rapidez de raciocínio.
Chega mesmo a esquecer-se que ele próprio existe...
É a palavra que comanda o jogo...

Os sapos vivos estão pela hora da morte, António Santos

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

www.atortoeadireito-fdl.blogspot.com

15 abril, 2006  

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