13 junho 2006

Uma bandeirinha também para nós!

Pergunto-me: como se calculam as vagas, em cada ano, nas faculdades? Será usado um critério de necessidade? Não será fácil determinar que, cinco anos depois, o mercado vai precisar mais 500 advogados. Ou mais 100 médicos. Ou 200 engenheiros. Será que se tem em conta a capacidade da faculdade? É fácil saber quantos meninos cabem dentro de um anfiteatro. Será que se contam os alunos que terminam o secundário? Sabe-se quantos são e metem-se dentro de umas quantas faculdades. Será que se conta o financiamento que a faculdade precisa? Divide-se o montante necessário pelo valor que o Senhor Ministro paga por cabeça, e aí está o número de lugares disponíveis.

Nas faculdades de Direito podemos saber quantos entram. Suponho que saibam quantos desistem. E quantos licenciados em Direito há?
Gostava de saber, a título de curiosidade, apenas, quantos somos. Não apenas os inscritos na OA: todos. Não sei se alguém sabe. Talvez seja como os funcionários públicos. Seria interessante reunir todos, noutro grande piquenicão, na Vasco da Gama. Ou no Estádio Nacional, na maior bandeira do mundo de licenciados.
Devíamos pedir à OA que organizasse uma contagem, um recenseamento. É possível conhecer os advogados que exercem em cada uma das comarcas, fazendo uma pesquisa no site da OA. Se quisermos saber quais são os advogados que têm as quotas em atraso, é bem mais fácil. A OA mantém uma lista actualizada com os nomes desses Senhores Doutores Advogados. Muito antes de os comerciantes publicitarem nas suas montras o nome dos caloteiros, muito antes do Cobrador do Fraque. Antes também, portanto, da discussão relativamente à tutela do direito à imagem e ao bom nome. Candeia que vão à frente, ilumina duas vezes. Ou, noutra versão, arde mais depressa. E extingue-se.

Ora, para ter a certeza de quantos somos, seria necessário contabilizar também os licenciados que não estão a exercer. Proponho que se faça um campanha de identificação de licenciados em direito. Colegas, vamos pôr uma bandeirinha à janela.
Compreendo que possa ser embaraçoso ser reconhecido nessa qualidade. E que haja algum receio. Nada de bom pode vir do facto de a OA saber a morada de cada um. Como as pragas do Egipto, as portas marcadas com sangue, para a morte não entrar para levar o primogénito. Diz a Bíblia.

E aconteceu que, no meio da noite, o SENHOR feriu todos os primogénitos na terra do Egipto, desde o primogénito do faraó, que havia de sentar-se no seu trono, até ao primogénito do prisioneiro, que está na prisão, e todos os primogénitos dos animais.
A Bíblia, Êxodo, I, 29

Ainda assim, apesar dos embaraços e riscos, vou pôr a minha bandeirinha à janela. Penso até que seria uma oportunidade para se aperfeiçoar o próximo Guia do Estudante do jornal Expresso, na parte em que refere as saídas profissionais do curso de Direito: vai o jornalista, de bandeirinha em bandeirinha, perguntando a ocupação de cada um. Os resultados permitirão actualizar a lista: desde ser operadora de caixa a advogado de sucesso.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Que ideia fantástica gente! É bom saber que essas ideias de 3º mundo já chegaram também aqui! Esse é um sinal indubitável de que Portugal, povo irmão, e em particular os licenciados em Direito estão na beira do abismo! Esse é o passo de que precisávamos!

15 junho, 2006  

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