12 setembro 2006

The meaning of OA

And now for something completely different...

Descobri o sentido da vida da OA: ela serve para tornar todo o Estagiário num bom Advogado. Não é, porém, nem o que se possa pensar nem o que se escreve nesses regulamentos infindáveis. Esqueçam a “formação adequada ao exercício da advocacia, de modo a que esta seja desempenhada por forma competente e responsável, designadamente nas suas vertentes técnica e deontológica.” O que se pretende é que o Estagiário tome bem consciência das arbitrariedades para que as não inflija aos outros.

Começa pela regulamentação do estágio. Que é um longo período já se sabe. Ainda assim, haverá limites. Há um Regulamento de Inscrição de Advogados e Advogados Estagiários, um Regulamento Geral de Avaliação, um Regulamento Nacional de Estágio. Há uma Comissão Nacional de Avaliação, uma Comissão Nacional de Estágio e Formação, um Centro de Formação. Quem faz o quê, quando, a quem é tarefa a exigir muita paciência.

Ora, como é senso comum, com o mal dos outros posso eu bem. Sabendo bem disso, a OA fez sua missão garantir que o jovem licenciado adquira experiência. Não tanto técnica, mas humanamente.

- Senhor doutor, estou desgraçado! O meu vizinho tirou o marco do terreno! Que hei-de fazer à minha vida?!

Ora, o licenciado que não tivesse passado pela OA diria, enfadado, que ia fazer um requerimento, que logo se veria.
Mas o privilegiado que sobreviveu aos dois anos de estágio na OA simpatizará com a sua dor, com o seu desespero. Lembrar-se-á daquela vez em que se enganaram na soma que fizeram das cotações no seu exame. E daquela outra em que os três correctores da mesma prova tinham cinco soluções diferentes para a mesma pergunta. E empenhar-se-á na resolução daquela questão.

- Ai Senhor Doutor, que a minha irmã chamou-me de tudo, no meio da rua! Aquela...

E antes de o Senhor Doutor pensar que nada daquilo lhe interessa, antes de atalhar para saber os pormenores que precisa para a sua Petição Inicial, lembrar-se-á daquela vez em que a Senhora na OA lhe disse que não podia devolver o dinheiro daquela acção de formação a que não pôde assistir. E do encolher e ombros quando lhe explicou que as classificações seriam publicadas na 6ª feira. Ou na 3ª. Ou um dia destes. E prestará atenção ao caso das irmãs desavindas.

A OA também nos faz homens, como a tropa.

“E então odiei. Pela primeira vez na vida odiei me cerrei dentro meu ódio impotente e infeliz, e aprendi o sentido do desespero e da morte. Pela primeira vez eu medi a minha distância do mundo que me havia de ficar para sempre distante.”
Vergílio Ferreira, Manhã Submersa

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"E daquela outra em que os três correctores da mesma prova tinham cinco soluções diferentes para a mesma pergunta.".
Bull´s eye! Uma de muitas certeiras asserções acerca da Ordem. Dirão alguns: "Ah e tal, isso é conversa de estagiário que após passar o exame final, se estará perfeitamente a cagar para o modus operandi da OA!!". Não sei se é esse o caso, mas que o rapaz toca nos pontos G ( negativos, e não, não é da gravidade que falo!)da dita, é uma claramente vista evidência, ou nas palavras de um Douto formador do Conselho de Coimbra ( que por sinal até é dos que menos "paneleirices" exibe nas correcções, e melhor entende aplica o conceito de razoabilidade nas exigências aos estagiários !!),que com a devida vénia se transcreve, "Óbvia e evidentemente Xotores, há por aqui (OA) muito ego descompensado!".
No "et ceteris", não posso deixar de parabenizar o autor pelo desassombro e pertinência dos posts.

P.S. O próximo comentário não será seguramente coberto pelo diáfano manto do "anónimo". Palavra de estagiário!!!

22 setembro, 2006  

Enviar um comentário

<< Home